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Cartão de Crédito Consignado: a armadilha do saque e como se defender dos juros no rotativo

O cartão consinado tem taxas melhores, mas pode virar uma dívida eterna se você cair no rotativo. Entenda o funcionamento do RMC.

O Cartão de Crédito Consignado é uma modalidade de crédito oferecida a aposentados, pensionistas do INSS e servidores públicos. Ele é muito atrativo porque, devido à garantia do desconto em folha, ele oferece juros menores que um cartão de crédito comum. No entanto, o funcionamento peculiar desse produto o torna uma das maiores fontes de superendividamento no país.

A maior armadilha reside na Reserva de Margem Consignável (RMC) e na prática de saque. Muitos bancos e promotoras oferecem a venda casada: para ter o cartão, liberam uma parte do seu limite em dinheiro (saque). Esse saque é, na verdade, um adiantamento da sua dívida, que passa a gerar juros imediatamente.

O Perigo da Reserva de Margem Consignável (RMC)

O cartão consignado compromete uma parte específica da sua margem consignável (geralmente 5%), chamada de Reserva de Margem Consignável (RMC).

A RMC é o valor que o banco desconta automaticamente do seu benefício todos os meses para pagar a parcela mínima do cartão.

Onde está o risco e a “dívida eterna”:

  • Desconto Mínimo: Se você usar o cartão (ou fizer o saque) e não pagar o valor total da fatura, o banco descontará apenas o mínimo (os 5% da RMC) diretamente do seu salário/benefício.
  • Rotativo Alto: O saldo que sobrar da fatura entra no crédito rotativo. Mesmo que a taxa do rotativo consignado seja menor que a do cartão comum, ela ainda é alta e incide sobre o saldo devedor que não foi pago.
  • A Dívida Cresce: Como o desconto mínimo é muito baixo, ele muitas vezes mal cobre os juros do rotativo. A dívida principal quase nunca diminui, e você fica preso a uma dívida infinita, pagando apenas juros. A RMC continua sendo descontada, mês após mês, sem nunca zerar o débito total.

Dicas para se defender e liquidar o débito

  1. Evite o Saque: O dinheiro do saque já é uma dívida que gera juros imediatamente. O uso ideal do cartão consignado é apenas para compras e com o compromisso de pagar o valor total da fatura.
  2. Leia o Extrato: Fique atento à rubrica RMC ou “Reserva de Margem Consignável” no seu extrato do INSS. Se estiver lá, você tem um cartão consignado.
  3. Liquidação da Dívida: Se a dívida virou uma bola de neve, você tem o direito de solicitar ao banco a transformação do saldo do cartão em um Empréstimo Consignado convencional (parcelas fixas, prazo definido e taxa de juros mais baixa). Isso zera a RMC e você quita o débito em um tempo certo.

Se o banco se recusar a fazer a portabilidade ou a transformar a dívida, procure o Procon ou um advogado. A Justiça tem dado ganho de causa para consumidores lesados por essa prática.

Janaína Silva

Amante da leitura desde sempre, encontrei nas palavras um refúgio e uma forma poderosa de expressão. Escrever é, para mim, uma paixão que se renova a cada página, a cada história contada. Gosto de transformar ideias em textos que tocam, informam e inspiram. Entre livros, pensamentos e emoções, sigo cultivando o prazer de comunicar com autenticidade.

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