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Idosos que continuarem trabalhando podem pagar multa? Entenda a regra de atuação para este grupo

A multa para idosos que continuarem trabalhando pode chegar a R$ 35 mil, o que acendeu um alerta para este grupo.

O avanço da expectativa de vida, aliado ao alto custo de vida e à necessidade de complementar a renda, tem levado um número crescente de idosos a continuarem trabalhando mesmo após se aposentarem. Muitos veem no trabalho uma maneira de manter a independência financeira e sustentar suas famílias.

No entanto, apesar da motivação legítima, esse retorno ao mercado pode envolver riscos legais, especialmente quando os beneficiários desconhecem as regras que regulam o acúmulo de trabalho e aposentadoria.

Assim, compreender quais benefícios permitem a continuidade do trabalho e quais proíbem essa prática se tornou essencial para garantir que os idosos não enfrentem penalidades, devoluções ou processos administrativos no futuro.

Idosos que recebem benefícios devem tomar cuidado com o trabalho.
Idosos que recebem benefícios devem tomar cuidado com o trabalho. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / guiadobeneficio.com.br

Idosos que continuarem trabalhando podem ser multados

O caso recente de um aposentado na Espanha que foi obrigado a devolver 6.738 euros ao sistema de seguridade social por ter continuado trabalhando após se aposentar chamou atenção para um cenário comum também no Brasil.

Muitos idosos, ao solicitarem a aposentadoria, desconhecem os detalhes das regras que definem quais atividades ainda podem ser desempenhadas legalmente. Em situações de irregularidade, os órgãos previdenciários impõem penalidades severas, como devolução de valores e multas administrativas.

No Brasil, embora a legislação permita que muitos aposentados permaneçam no mercado de trabalho, é fundamental seguir as diretrizes específicas do tipo de aposentadoria concedida. A prática de continuar trabalhando após a concessão do benefício não é proibida por si só.

Por exemplo, quem se aposenta por tempo de contribuição pode seguir em atividade normalmente, inclusive em áreas semelhantes àquelas em que já atuava. No entanto, aposentadorias especiais, concedidas a trabalhadores expostos a agentes insalubres ou perigosos, impõem restrições mais rígidas.

Se o beneficiário voltar a trabalhar em condições semelhantes às que justificaram a aposentadoria especial, ele pode ter o benefício suspenso ou ser obrigado a devolver os valores recebidos. Esse controle se tornou mais intenso nos últimos anos, especialmente após o aumento de fraudes no INSS.

O governo brasileiro, com apoio de órgãos como Dataprev e Advocacia-Geral da União, intensificou as fiscalizações e cruzamentos de dados para identificar inconsistências nas declarações dos beneficiários. Idosos que se aposentaram e mantêm vínculo profissional ativo podem ser convocados.

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Como funciona a regra para trabalho de idosos no Brasil?

No sistema previdenciário brasileiro, a maioria dos aposentados tem o direito legal de continuar trabalhando após a concessão do benefício. A aposentadoria por tempo de contribuição, por idade ou por pontos permite a permanência no mercado, sem prejuízos no recebimento mensal do benefício.

O mesmo se aplica aos beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), desde que não haja vínculo formal de trabalho, pois esse benefício é assistencial e não permite acúmulo com outra fonte de renda.

De modo geral, quem contribuiu regularmente com o INSS ao longo da vida e cumpriu os requisitos exigidos pela legislação pode manter sua atividade profissional. Entretanto, ao continuar trabalhando, o aposentado precisa manter a contribuição ao INSS, mesmo que já esteja recebendo o benefício.

Essa exigência não oferece direito a uma nova aposentadoria, mas pode gerar, em algumas situações, o chamado “desaposentação” ou “reaposentação”, quando a pessoa busca judicialmente a revisão do valor com base nas novas contribuições.

Ainda assim, essa possibilidade tem perdido força nos tribunais, após decisões contrárias do Supremo Tribunal Federal (STF). Portanto, o ideal é manter-se bem informado sobre as implicações e limites legais de seguir trabalhando após se aposentar.

Além disso, aposentados que atuam como autônomos ou empreendedores precisam ficar atentos à emissão de notas fiscais e declarações tributárias. Mesmo quando não há vínculo formal, os dados cruzados entre Receita Federal, Previdência e bancos podem identificar rendimentos não declarados.

A omissão dessas informações pode levar a bloqueios do benefício, exigência de devolução e outras penalidades legais. Por isso, o acompanhamento técnico com contador ou advogado previdenciário é altamente recomendado para idosos que pretendem seguir ativos no mercado.

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Benefícios que impedem o trabalho de aposentados

Alguns tipos de aposentadoria no Brasil proíbem que o beneficiário continue exercendo determinadas atividades, especialmente quando a justificativa para o benefício está diretamente ligada às condições de trabalho. A aposentadoria especial é o principal exemplo.

Concedida a trabalhadores expostos a agentes nocivos à saúde, como ruído excessivo, produtos químicos ou calor extremo, ela exige o afastamento total das atividades insalubres. Caso o aposentado retorne a funções com o mesmo grau de exposição, ele perde o direito ao benefício e deve restituir os valores.

Outro caso delicado envolve os aposentados por invalidez, que não podem retomar qualquer tipo de trabalho, salvo se passarem por reabilitação profissional autorizada pelo INSS. Esse benefício é concedido quando o trabalhador se encontra definitivamente incapaz de exercer qualquer função.

Portanto, sua recuperação plena ou o retorno ao trabalho sem autorização formal pode ser interpretado como fraude. O mesmo vale para quem recebe auxílio-doença de forma prolongada e tenta acumular atividades paralelas, ainda que informais.

Além disso, o INSS mantém rígido controle sobre esses casos por meio de perícias, denúncias e cruzamentos de dados digitais. Com o avanço da tecnologia, o governo passou a identificar com mais facilidade os beneficiários que retornaram ao mercado em desacordo com as regras.

Em consequência, além da perda do benefício, o aposentado pode responder administrativamente e, em casos mais graves, enfrentar ações judiciais por dano ao erário. Por isso, os idosos precisam redobrar a atenção antes de aceitar propostas de trabalho ou retomar atividades profissionais.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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