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Previdência Social deve criar novas regras para trabalhadores de aplicativo

Quem é trabalhador de aplicativo pode ganhar novos benefícios por parte da Previdência Social, que lida com pagamentos do INSS

Os trabalhadores de aplicativo conquistaram espaço essencial na economia brasileira, especialmente com o avanço das plataformas digitais de transporte e entrega. Diariamente, milhões de motoristas e entregadores movimentam cidades inteiras, atendendo uma demanda crescente por serviços rápidos.

No entanto, enquanto esse modelo de trabalho promove autonomia e flexibilidade, ele também revela fragilidades estruturais, sobretudo na área de proteção social. A ausência de um vínculo formal com as empresas e a contribuição previdenciária irregular levantam questionamentos sobre o futuro.

Em meio a um cenário de intensa transformação nas relações trabalhistas, o debate sobre o papel do Estado e das plataformas digitais na garantia de direitos previdenciários e trabalhistas ganha urgência e relevância nacional.

Se você é trabalhador de aplicativo, veja como pode ficar sua situação com a Previdência Social.
Se você é trabalhador de aplicativo, veja como pode ficar sua situação com a Previdência Social. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / guiadobeneficio.com.br

Debate sobre benefícios para trabalhadores de aplicativo

O debate sobre os direitos dos trabalhadores de aplicativo intensificou-se nas últimas semanas e promete influenciar tanto o Judiciário quanto o Legislativo. O Supremo Tribunal Federal analisa a possibilidade de reconhecer vínculo empregatício entre motoristas, entregadores e plataformas digitais.

Paralelamente, o Congresso Nacional discute projetos que buscam regulamentar a atividade e definir responsabilidades mais claras. Esse duplo movimento mostra que a questão ultrapassa o campo jurídico e assume dimensão social, econômica e previdenciária.

A principal preocupação está relacionada à ausência de cobertura previdenciária adequada para essa categoria. Sem vínculo formal, os trabalhadores são enquadrados como contribuintes individuais, devendo recolher suas contribuições por conta própria.

No entanto, devido à instabilidade financeira e à renda variável, muitos acabam sem condições de contribuir regularmente. Isso cria uma lacuna perigosa, já que esses profissionais ficam sem acesso a benefícios básicos como auxílio-doença, aposentadoria ou pensão por morte.

Além disso, o modelo atual de arrecadação previdenciária não consegue acompanhar a expansão do trabalho por aplicativo. O sistema foi construído para relações tradicionais de emprego, com contribuições mensais fixas e responsabilidade direta do empregador.

No caso das plataformas, essa dinâmica é completamente diferente, o que tem provocado um desequilíbrio no custeio da Previdência Social. A continuidade desse cenário tende a aumentar a informalidade e reduzir a arrecadação, comprometendo a sustentabilidade do sistema.

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Previdência precisa fazer adequações

Diante dessa nova realidade, a Previdência precisa se adaptar rapidamente para evitar um colapso no modelo de financiamento. Um dos caminhos discutidos é a criação de um pilar universal de proteção, que garanta uma renda mínima a todos os cidadãos ao atingirem determinada idade.

Essa proposta busca ampliar a cobertura social, mas enfrenta um grande desafio: o custeio. Para que o sistema seja viável, é necessário criar novas fontes de financiamento, já que a arrecadação atual é insuficiente para sustentar um modelo de inclusão mais amplo.

Outra alternativa é o redimensionamento das regras de contribuição, de modo que parte do ônus passe para as plataformas digitais. Nesse formato, as empresas seriam obrigadas a reter e repassar à Previdência as contribuições correspondentes a cada trabalhador.

Essa retenção na fonte garantiria que os recursos chegassem efetivamente ao sistema, evitando o não recolhimento por parte de profissionais com baixa capacidade contributiva. Além disso, a medida reduziria a evasão previdenciária e fortaleceria o controle estatal sobre o fluxo de arrecadações.

É importante destacar que qualquer adequação precisa equilibrar a flexibilidade característica do trabalho por aplicativo com a responsabilidade social do Estado e das plataformas. A modernização da Previdência deve preservar a autonomia dos trabalhadores.

Ao mesmo tempo, deve assegurar uma rede mínima de proteção diante de acidentes, doenças ou perda de renda. Assim, o desafio não está apenas em ajustar as leis, mas em repensar o próprio conceito de seguridade social em tempos de economia digital.

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Riscos do trabalho por aplicativo à Previdência

O modelo atual de trabalho por aplicativo representa um risco real à sustentabilidade da Previdência Social. A principal razão é a ausência de recolhimento regular de contribuições por parte dos trabalhadores autônomos, que enfrentam renda instável e custos elevados.

Sem uma política de retenção na fonte, a arrecadação previdenciária sofre perdas bilionárias anuais, reduzindo a capacidade do sistema de custear aposentadorias e benefícios assistenciais. Esse desequilíbrio ameaça não apenas os trabalhadores de aplicativo, mas toda a estrutura de proteção social.

Outro problema grave é a falta de cobertura acidentária para essa categoria. Motoristas e entregadores enfrentam diariamente altos índices de acidentes de trânsito, muitas vezes sem qualquer tipo de seguro ou amparo legal.

Em situações de incapacidade temporária ou permanente, esses profissionais ficam desamparados, já que não possuem acesso automático a benefícios como auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez. Essa vulnerabilidade evidencia a urgência de criar uma legislação específica.

Por fim, o avanço desregulado desse modelo pode comprometer o futuro da Previdência e aprofundar desigualdades. Sem ajustes imediatos, o sistema caminhará para um cenário de exclusão previdenciária em massa, no qual milhões de brasileiros não terão direito a aposentadoria ou benefícios básicos.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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