Dois grupos de brasileiros pagam os maiores juros no crédito pessoal; confira
O crédito pessoal é um dos serviços financeiros que mais acumulam juros. Dois grupos de brasileiros são os que mais pagam as taxas.
O crédito pessoal representa uma das formas mais utilizadas pelos brasileiros para enfrentar emergências financeiras, reorganizar dívidas ou viabilizar projetos de consumo. Por ser um tipo de empréstimo acessível e rápido, ele atrai trabalhadores de diferentes faixas de renda e perfis profissionais.
Entretanto, sua popularidade também carrega riscos elevados, já que os juros cobrados nesse segmento estão entre os mais altos do mercado. Quando analisamos o impacto desse crédito sobre a economia, percebemos que ele afeta diretamente o consumo das famílias.
Também interfere na capacidade de poupança e até o nível de endividamento no país. Por isso, compreender como as taxas funcionam e de que forma diferentes grupos sociais são atingidos ajuda a identificar desigualdades e a buscar caminhos mais justos e sustentáveis.

Neste artigo, você vai ver:
Dois grupos de brasileiros pagam mais juros do crédito pessoal
Estudo do Banco Central mostrou que trabalhadores de baixa renda e mulheres enfrentam juros mais altos no crédito pessoal. Os dados revelam que quem recebe entre um e dois salários mínimos paga até 44 pontos percentuais a mais em comparação a quem ganha acima de 20 salários.
Isso significa que a desigualdade social ultrapassa a renda mensal e se reflete também no acesso ao crédito. A taxa média registrada no período do estudo, entre 2013 e 2019, chegou a impressionantes 146% ao ano.
Essa disparidade segue uma lógica gradual que reforça a exclusão financeira:
- Quem ganha de dois a três salários mínimos paga até 32 pontos a mais;
- Quem recebe entre três e cinco paga 22 pontos;
- Quem está na faixa de cinco a dez arca com 11 pontos;
- Quem possui entre 10 e 20 salários paga 2,5 pontos a mais.
Portanto, a cada degrau de renda mais baixo, as taxas do crédito pessoal se tornam proporcionalmente mais pesadas. O estudo deixa claro que, independentemente do risco de calote, o sistema financeiro brasileiro penaliza mais fortemente os menos favorecidos.
Além da renda, o gênero também influencia o valor do empréstimo. As mulheres pagam até 8,2 pontos percentuais a mais que os homens, mesmo sem apresentarem índices maiores de inadimplência. Esse dado chama atenção porque as trabalhadoras acabam pagando juros ainda superiores aos dos informais.
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O que influencia no acúmulo de juros?
A desigualdade nos juros do crédito pessoal não pode ser explicada apenas por fatores objetivos, como risco de inadimplência. Pesquisadores apontam que preconceitos sociais e falta de educação financeira contribuem para esse cenário.
Muitas vezes, representantes das instituições financeiras enxergam trabalhadores de baixa renda como potenciais devedores, mesmo sem dados concretos que sustentem essa percepção. Essa visão distorcida gera custos adicionais para quem já enfrenta dificuldades econômicas.
Outro ponto que ajuda a explicar os juros elevados é o menor acesso à informação e ao conhecimento financeiro. Pessoas com renda mais baixa tendem a negociar menos e a aceitar propostas mais onerosas por não dominarem alternativas disponíveis no mercado.
O estudo mostrou que trabalhadores ligados às ciências exatas, como engenheiros e matemáticos, que têm mais familiaridade com cálculos e negociações, conseguem juros até 1,3 ponto percentual menores. Isso confirma que a educação financeira exerce impacto direto nas condições de crédito.
Além disso, os bancos podem ter acesso a informações que não foram consideradas no estudo, mas a pesquisa também analisou modalidades como o crédito consignado, que deveria ser mais uniforme por estar atrelado a renda fixa.
Mesmo nesse caso, a lógica de penalização para os mais pobres e para as mulheres permaneceu. Isso indica que a desigualdade nas taxas não está apenas nos números, mas também enraizada em questões culturais e estruturais da sociedade brasileira.
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Como reduzir os juros do crédito pessoal?
Para lidar com essas desigualdades e evitar que os juros do crédito pessoal comprometam o orçamento familiar, algumas medidas práticas podem ajudar:
- Pesquisar em diferentes instituições financeiras antes de contratar o empréstimo.
- Negociar taxas diretamente no banco, usando simulações e propostas de concorrentes como argumento.
- Priorizar modalidades de crédito com menor risco para os bancos, como o consignado, que tende a oferecer juros menores.
- Melhorar a organização financeira, criando reservas de emergência que reduzam a necessidade de recorrer a empréstimos caros.
- Investir em educação financeira, por meio de cursos, materiais gratuitos e orientação de especialistas.
- Acompanhar regularmente o histórico de crédito e manter boas práticas de pagamento para fortalecer o relacionamento com bancos.
Essas estratégias não eliminam totalmente as desigualdades estruturais, mas permitem que cada consumidor aumente suas chances de obter condições mais justas. Quanto mais informado e preparado estiver, maior será sua capacidade de negociar e escapar dos juros abusivos.
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