É o fim do Pé-de-Meia? Destino do programa está em risco: entenda o que está acontecendo
Programas sociais enfrentam incertezas diante de impasses orçamentários
O programa Pé-de-Meia, criado para incentivar a permanência de estudantes de baixa renda no ensino médio, tornou-se alvo de controvérsia.
Após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar o bloqueio de R$ 6 bilhões, a continuidade do programa passou a depender de negociações entre governo e órgãos de controle.
Esse cenário gerou apreensão entre beneficiários e parlamentares que defendem o programa, ressaltando sua importância para a educação básica no Brasil.
Enquanto o governo busca reverter a decisão, a Advocacia-Geral da União (AGU) tenta garantir os recursos necessários para evitar uma interrupção nos pagamentos.
Entenda a decisão do TCU e seus impactos imediatos
O bloqueio de recursos foi determinado pelo ministro Augusto Nardes, do TCU, com base na ausência de previsão orçamentária para o Pé-de-Meia no Orçamento Geral da União (OGU).
Segundo o tribunal, os recursos do programa precisam ser incorporados ao orçamento federal para garantir transparência e cumprimento das normas fiscais.
Esse bloqueio afetou diretamente o Fundo de Incentivo à Permanência no Ensino Médio (Fipem), responsável pelo pagamento de R$ 2 mil anuais por estudante, distribuídos em parcelas mensais e incentivos adicionais.
Sem a reversão da medida, o saldo atual do fundo cobre apenas as despesas de dezembro.
Em resposta, a AGU entrou com recurso para liberar os valores, argumentando que a suspensão compromete 4 milhões de beneficiários e viola a continuidade de políticas públicas já estabelecidas.
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Negociações entre governo e TCU visam solução definitiva
O governo federal intensificou as negociações para destravar os recursos bloqueados.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que medidas já foram aprovadas em 2024 para regularizar a situação orçamentária do programa. Segundo ele, uma solução está sendo articulada e deve evitar interrupções no pagamento.
A Frente Parlamentar Mista da Educação, composta por mais de 200 deputados e senadores, também se posicionou em defesa do programa. Em ofício ao TCU, a bancada destacou que o bloqueio prejudica estudantes vulneráveis e compromete os avanços no combate à evasão escolar.
Além disso, o Ministério da Educação (MEC) reforçou que todos os repasses ao fundo foram autorizados pelo Congresso Nacional e que a operação segue critérios legais. A pasta espera que o recurso da AGU seja avaliado com urgência para evitar maiores prejuízos aos beneficiários.
Redução da evasão escolar e incentivo à conclusão do ensino médio
O Pé-de-Meia desempenha um papel crucial no combate à evasão escolar no Brasil. Com incentivos financeiros atrelados à frequência e ao desempenho dos estudantes, o programa visa garantir que jovens em situação de vulnerabilidade concluam o ensino médio.
Dados do Censo da Educação Básica indicam que a taxa de evasão escolar em 2022 foi de 6,4%. Especialistas acreditam que o Pé-de-Meia pode reduzir significativamente esse índice, promovendo maior inclusão e desempenho educacional.
Os incentivos incluem parcelas mensais de R$ 200 e um bônus anual de R$ 1 mil para alunos aprovados. Além disso, estudantes que realizam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) recebem um valor adicional. O total pode alcançar até R$ 9,2 mil por aluno ao final dos três anos de ensino médio.
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Riscos para os avanços educacionais e os beneficiários do programa
A suspensão do Pé-de-Meia pode gerar graves consequências para a educação básica no Brasil. Entre os principais riscos estão o aumento da evasão escolar, a queda no desempenho acadêmico e a exclusão de jovens vulneráveis do sistema educacional.
Além disso, a interrupção dos pagamentos afeta diretamente a estabilidade financeira de milhões de famílias que dependem do benefício para despesas escolares, alimentação e transporte.
A Frente Parlamentar e o governo federal têm destacado a necessidade de conciliar as exigências legais do TCU com a continuidade do programa. Para isso, defendem a aprovação do orçamento de 2025, que já prevê os recursos necessários para o Pé-de-Meia.